Eram inúmeras as minhas expectativas... Não só para mim, mas para todos os que me cercam. De olhos fechados já via todos abandonando mundos pequenos e sonhando com céus e abismos maiores.
As expectativas eram também em torno dos muros que nos cercam. De toda a equipe, desde os mestres à direção, passando pela limpeza, pela cozinha, ou seja, por todos os discentes e todos os funcionários, mas aos poucos muitas delas foram perdidas.
Hoje piso no pátio e não sinto a mesma alegria. Entro em sala e sinto desprezo. Isso se deu quando descobri a funcionalidade da escola.
Não via pessoas crescendo, pois suas mentes vinham sendo aos poucos atrofiadas, suas habilidades de criação nunca foram trabalhadas, associam a mesma ao ‘’divino criador’’, suas capacidades de raciocínio sempre foram descaradamente subestimadas. Ensinados a ser submissos, eles nunca se organizaram e disseram um basta a nenhum tipo de descriminação, aquela sofrida por sua orientação sexual, por sua crença religiosa, até mesmo pelo tamanho de sua saia ou de seu brinco.
Eu vejo tudo sendo reproduzido através dos anos, como um ciclo vicioso. Temo não ver a mudança desse sistema que reduz tudo a coisas, a fantoches reprodutores, a meras mentes vazias com ecos perturbadores. Não que eu seja melhor. Sinto-me tão pequena quando com medo olho para os céus e vejo o tamanho do mundo lá fora, quando olho para baixo e vejo a profundidade e escuridão desse mundo que mata, tortura, mente, explora, tira o falso direito do livre pensamento e entrega na mão forte do Estado.
Eu comecei a ver as paredes úmidas e as correntes das salas de aula, vi um quadro negro na minha frente e alguém me dizendo como pensar, agir, andar, amar, o que adorar. As mesas estrategicamente afastada para que os alunos não pudessem trocar conversas e pensamentos, na sala a atenção era do todo poderoso professor.
Cantava o Hino Nacional, mas aquilo não fazia sentido. Nas aulas de religião eu ouvia de um deus que nunca se fazia presente, o livre arbítrio que eu falsamente tinha me fazia temê-lo e adorá-lo. Em sociologia eu ouvia de uma democracia que a professora exercitava votando, não podia jogar lixo no chão, afinal eu tinha que ser exemplo de cidadã consciente. Apresentava trabalhos sobre a arte da educação com o coração apertado, era sobre a educação burguesa que eu tinha que falar, e muito bem, pois era avaliada através de NOTA. Minha capacidade não pode ser resumida a números ou pode? A escola diz que sim. Então eu obedeço, ou pode ser que eu seja‘’convidada a procurar outra instituição que aceite meus comportamentos’’ como a diretora gosta de deixar bem claro.
Ora, minhas expectativas foram ralo a baixo e hoje arrasto me pelo chão daquela escola que tenta espremer meus pensamentos reduzindo-os a pó, o que não passa de uma tentativa.

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